quinta-feira, 9 de maio de 2013

Nós, o GPS e as mentiras em que ele nos faz acreditar

Já ando há bastante tempo para "jogar na confusão" sobre aquele que é para muitos de nós o nosso principal parceiro de treino, o GPS.
Vou passar-vos a minha opinião, parte pessoal e parte com base em fontes seguras, nomeadamente os fabricantes de equipamentos.

Estive para fazer um "post" algo técnico, até porque sou um aficionado das novas tecnologias e gosto de me informar, mas resolvi não o fazer, sendo que me pareceu mais lógico escrever em linguagem de treino, aquela linguagem que usamos com os amigos durante as nossas actividades.

E o que me leva a escrever sobre este tema? Fundamentalmente aquilo que vou ouvindo nos treinos e provas e que me leva a pensar que muitos de nós não tem noção do que leva no pulso ou no braço.

O GPS (Global Positioning System) é, como o nome indica, um sistema de posicionamento e não um sistema de "deslocamento". Os equipamentos que usamos no dia-a-dia para as nossas actividades (relógios ou telemóveis) medem a nossa posição no momento e não a nossa deslocação ou velocidade. Esta é calculada através de formulas matemáticas mas sempre com base na nossa posição.

Amigos, lá porque o vosso relógio conta 21.3 Km numa meia-maratona não quer dizer que tenham corrido mais que o previsto e nem os organizadores nos enganaram (observação frequênte nas prova, sacanas dos organizadores sempre a enganar-nos).
Se fizeram 2h01 nos tais "21.3 Km" isso não implica que o vosso tempo real à meia-maratona tenha sido 1h59m.
A maior parte dos programas de corrida permitem a edição de dados. Editem e corrijam para a distância real, só para que possam, pelo menos nas provas, ter os dados correctos para vossa gestão.

Também a velocidade e a cadência instantâneas não podem ser consideradas reais. É frequente ouvirmos
comentários do tipo "vou a 4 min/Km" quando o corredor em questão mal desce dos 6 min/Km. Basta vermos o gráfico da actividade para percebermos que as oscilações de velocidade são constantes o que não é sequer parecido com o que fizemos na tal actividade.
O mais próximo do real é mesmo o ritmo médio por distância, no meu caso uso o ritmo médio por Km, se bem que esta é uma questão pessoal.

Onde eu quero chegar é que os nossos GPS's não são NUNCA 100% exactos e, como tal, a distância medida tem uma grande probabilidade de não ser a correcta. E isto aplica-se não só à distância horizontal mas também à vertical (altitude).
Basta que façam um treino com vários amigos, com equipamentos iguais ou não, e vão verificar que o resultado final não será exactamente igual em nenhum deles. Temos que encarar os equipamentos como um auxiliar e não como uma ciência exacta.

Boas corridas!!!




15 comentários:

  1. A tua conclusão (último parágrafo) diz tudo e resume muito bem o teu relato: basta ir treinar com alguém e comparar os números.

    Gostei do post: técnico q.b.!

    Beijinho e boas corridas!

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  2. Belo artigo Pedro. Espero em breve deixar a braçadeira com o Endomondo e juntar-me ao "gang" dos 310XT. :)
    Abraço.

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  3. Boas!

    Gostei do que escreveste!
    Eu corri durante muitos anos apenas com um cronómetro e dei-me bem... mas ultimamente com os androids, ipads e etecetera e tal, cedi à tentação e instalei as apps do asics e do sports tracker no meu android e não gostei. Dava-me frequentemente rimtos que me deixavam desconfiado, velocidades máximas que me surpreendiam... resultado: deixei aquela treta e voltei ao cronómetro no pulso e vou picando os percursos nos mapas de do Asics.
    Deixei de andar preocupado com o gingarelho e corro sem essas preocupações. Voltei ao estado ZEN! :)
    Hasta!

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    1. Como em qualquer tipo de produto, também os GPS's (relógios ou smartphones) têm modelos melhores e mais precisos que outros.
      O fundamental é corrermos da forma mais confortável possível e, tal como dizes, sem preocupações. Se o tal gingarelho não ajudar também não nos faz falta. ;)

      Abraço!!!

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  4. Para mim o gps é uma importante ferramenta tanto de treinos como de provas, mas sei que não é infalivel.
    Regra geral dou sempre um desconto de 10% em relação à distância percorrida e faço a análise ao tempo médio tendo em conta esse desconto.
    Algo que nunca liguei foi à velocidade máxima, se fosse sempre correcta então eu era um Quéniano! :-)
    Abraço e bona treinos.

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    1. É mesmo isso, companheiro muito importante e não passo sem ele. ;)

      Abraço!!!

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  5. Qualquer prova tem a sua linha ideal, no ponto x das curvas, linha que é praticamente impossível de se manter fielmente. Qualquer desvio a ultrapassar outro atleta ou a ir buscar uma água ao reabastecimento, implica mais metros no final. Daí que seja normal dar sempre mais uns centos e poucos metros numa distância de 10 quilómetros. Além do erro normal do GPS que pode ir até 10 metros (o que é irrelevante).

    Uma vez fiz uma experiência no Passeio Marítimo de Oeiras. Era pleno inverno, com frio e chuva, e portanto tinha praticamente o passeio reservado para mim, podendo escolher sempre a trajectória que queria. No sentido Torre-Paço de Arcos, fiz todo o passeio pela suposta linha ideal, dando no final, exactamente a distância lá anunciada, 3.500 metros. No regresso fiz sempre pelo lado de fora das curvas, o que implicou naturalmente uma maior distância, deu 3.570 metros.
    70 metros em 3,5 dariam quase 200 aos 10 kms, daí ser bem explícito a diferença da trajectória que usamos. E quantos de nós, no meio do pelotão, se preocupam com o ir ao ponto x de cada curva?

    Não nos podemos é esquecer que mesmo que numa Meia marquemos 21.300 metros, se a prova está certificada terá, garantidamente, os 21.097 metros da praxe.

    Bom texto, Pedro

    Um abraço e até domingo :)

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    1. Que me lembre só acabei uma corrida com a distância exacta, a corrida de Santo António do ano passado. Ou foi coincidência ou, pela lógica habitual das minhas provas, a corrida não tinha os 10 Km.
      Também era curioso nessa experiência que fizeste medires o mesmo trajecto nos dois sentidos e mantendo a mesma trajectória. Quase que aposto que não dava a mesma distância.
      Mas são experiências que também já fiz e que, honestamente, não me preocupa muito. Normalmente nunca é exacto mas é um companheiro fantástico e não abdico dele. ;)

      Abraço!!!

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  6. Pedro,
    Excelente postagem. Não gosto da sensação de ser refém do Garmin. Procuro usá-lo como ferramenta, mas sem me deixar "escravo" do aparelho. Sua explicação sobre distância, cadência foi ótima. Valeu por compartilhar o seu conhecimento conosco. Vou recomendar a leitura do post.
    Abraço e bons treinos!!!
    Helena
    correndodebemcomavida.blogspot.com
    @Correndodebem

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    1. Helena, pois eu sou refém dele, não nego. Mas o importante é sabermos como lidar com ele, na minha opinião, claro. ;)

      Obrigado e boas corridas.

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  7. Boas,
    Antes de mais parabéns pelo excelente blog.Achei este post fenomenal.Eu sou um aficionado(obsecado)pelos dados que o GPS nos fornece. A mim não são os pequenos erros que me chateiam, mas os grandes.Na meia da ponte o GPS passou-se e não marcou pontos entre o ponto de retorno e a meta, "voei" entre o Dafundo e Belem e tenho provas!Só uma nota,a precisão da altitude no GPS é consideravelmente inferior à lateral (Altitude error is 1.5x Horizontal error).

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