terça-feira, 14 de maio de 2013

24ª Meia-Maratona Internacional de Setúbal

Se há umas semanas atrás, depois da boa prestação na Meia-Maratona de Almada, pensei que poderia
bater o meu melhor tempo na distância em Setúbal, as previsões de calor para o dia da prova rapidamente me fizeram desacreditar nessa possibilidade. A juntar à festa, uma véspera "mal" comida e bem bebida não agoiravam nada de bom. Mas a esperança é a última a morrer, certo?

Os Bip-Bip's presentes:
eu, o Gonçalo e o Gil.
Depois do tiro de partida conseguimos impor logo um ritmo bem agradável e logo no 1º Km estávamos abaixo dos 5 min/Km.
O calor já se fazia sentir mas nos primeiros quilómetros ainda no interior da cidade não incomodava muito. A paisagem era variada e apoio popular era bem vindo.

Perto dos 6 Km's entramos na tão famosa Estrada da Mitrena. Aqui, dizem os repetentes, é que começava verdadeiramente a prova.
O Gonçalo ia com "fome" e nessa altura já eu percebia que o dia não era para aventuras. Mandei-o seguir, eu não ia conseguir forçar.

Naturalmente o ritmo baixou, os Km's seguintes foram feitos entre os 5:00 e os 5:10 min/Km. O calor, a monotonia do percurso (e os cheiros...) e o meu estado físico não dava para mais. Salvava-se a vista para o Sado para distrair a mente.

Depois da viragem aos 12 Km's comecei a fazer contas e a tentar definir uma estratégia para os Km's finais. Mas as pernas não estavam para muito mais e nem o cruzamento com caras conhecidas fazia com que o ritmo aumentasse.

Perto dos 13 Km's o impensável, um dos muitos ciclistas que se cruzavam no nosso percurso atropelou um
atleta, literalmente. Caíram os dois uns 50 metros à minha frente.
Quando passei por eles já estavam em pé e com assistência de outros atletas. Acabei por não perceber o estado de ambos.
O ciclista desfez-se em desculpas mas são situações que não devem nem podem acontecer. É que eles passavam mesmo pelo meio do pelotão, ainda por cima numa zona de corrida nos dois sentidos. Era quase inevitável.

Pouco depois, na zona do abastecimento dos 10 Km, julgo que em função de já terem passado todos os atletas, estavam a dar a água que tinha sobrado a quem já ia no regresso. Antes da zona deste abastecimento improvisado estavam parados mais uns quantos ciclistas. Quando me dirigi ao abastecimento, eu e mais uns quantos, os ciclistas arrancam, sem sequer olhar, e não houve ali mais uns atropelamentos por mero acaso. Eu tive mesmo que parar para eles passarem e lá consegui chegar ao rapaz do abastecimento. Claro que saíram em uníssono uma carrada de palavrões de todos os que estávamos naquela situação. Um dos agentes de mota arrancou na hora, no encalço dos ciclistas, e o que é certo é que até ao final não passou mais nenhum ciclista por mim.

Voltando à prova, imediatamente a seguir vinha uma subidinha das boas, num dos viadutos que passámos, e logo depois o abastecimento dos 15 Km.
Aproveitei a descida para embalar um pouco mas... nada. As pernas não queriam.
Pensei em me resguardar um pouco até aos 18 ou 19 Km. Nesta altura o ritmo já andava perto dos 5:20 min/Km.


Chego aos 17, 18, 19 Km's mas nada de forças extras. Aqui já tinha desistido do 2º objectivo, baixar a 1h45m (já que o 1º há muito que estava esquecido). Além de não me achar capaz, mesmo que o conseguisse seria sempre num sofrimento superior ao meu limite máximo de sofrimento. Dificilmente algum dia ultrapassarei esse limite e "hoje não vai ser excepção...", pensei.

Deixei-me seguir, o mais confortável possível, com as pernas sempre a dizerem que já não queriam correr mais. Há muito que faltava o combustível.
No último quilometro tive que me obrigar a não baixar os 5:30m, e consegui... a custo.

Cortei a meta com 1h47m58s (5:08 min/Km), cansado mas bem disposto, sem sofrimento de maior mas com a sensação de que esta meia-maratona foi talvez a prova que mais me custou fazer, depois da Maratona de Lisboa. Além do esforço físico foi também um bom teste mental, que foi superado apesar de algum custo.

O tempo final, dadas as condições, acabou por não ser mau de todo, mas ficou o alerta, não somos de ferro e uma má preparação e abusos dá nisto.

A organização esteve bastante bem, não tendo reparos a fazer.
Deixo no entanto, não uma critica mas a minha opinião em relação aos abastecimentos. Acho que houve abastecimentos em quantidade suficiente mas, no meu ver, mal distribuídos  O número de abastecimentos no inicio não foi proporcional com o resto da prova, quando mais falta fizeram. Acho que podia ser melhor distribuído tendo em conta a maior necessidade na segunda metade da prova.
Mas este foi o meu sentimento, não sei se generalizado.

No final fui abordado pelo Gilberto, um atleta que, segundo o próprio, foi influenciado pelas minhas experiências relatadas neste blog. Obviamente fiquei bastante contente e, apesar do cansaço, ainda deu para uma foto.
Obrigado Gilberto. ;)

Mais fotos do evento aqui.

A próxima será a V Meia-Maratona na Areia. Até lá...

Boas corridas!!!


22 comentários:

  1. Caríssimo, quem lê este relato e depois vê as fotos acha-te um grande mentiroso! Estás sempre com ar de bem disposto!!... Eu diria que a prova te correu às mil maravilhas! Se houvesse prémio "Mr. Fotogenia Cidade de Setúbal" era teu! :)))

    Essa dos ciclistas é uma novidade! Realmente...

    Pelo esforço e pelo resultado foi uma excelente prova, Pedro! Parabéns!

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    1. É o milagre da corrida, boa disposição a potes. ;)
      Mas acredita que foi bem difícil.
      Sabes que já sei o posicionamento dos fotógrafos. Quando chego perto ponho a minha melhor pose e pronto. lol

      Beijos!!!

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  2. Não sabia dessa história do ciclista.

    Pedro, não se bate o record em todas as provas. Numa com esta extensão e as condições que estavam, fizeste um riquíssimo tempo.

    Um abraço

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    1. É verdade João, por isso desisti cedo desse objectivo, acho que mesmo antes da partida, tal como te disse na altura.
      E como previa, esta prova foi um óptimo teste em várias vertentes. Mesmo nas provas menos conseguidas tiramos sempre ensinamentos novos.

      Abraço!!!

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  3. Só de ler já estava a sentir o sofrimento! E com o sol sempre a bater ainda pior... Mas é nestas situações que se desenvolve a força mental (há que ver sempre o lado positivo). De qualquer forma, para mim 1h47 é um tempo MUITO bom! :)

    Beijinhos

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    1. Obrigado "Menina".
      Sim, foi um óptimo tempo. Não há muitos meses atrás este seria o meu melhor tempo. ;)

      Beijos!!!

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  4. Mesmo sem ser nas melhores condições fizeste um excelente tempo Pedro.
    O que relatas nos kms finais foi mais ou menos o que me aconteceu. Já não tinha forças para mais, só que tinha alguém a puxar por mim e lá me fui arrastando atrás dele =P
    As próximas hão-de correr melhor.
    Beijinhos para ti e para a Carla

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    1. Obrigado Isa.
      Sim, melhores dias virão mas atenção que não estou desiludido, muito pelo contrário, com todas as adversidades foi um excelente tempo.

      Beijos!!!

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  5. Parabéns pelo excelente tempo. Também achei que o último abastecimento tinha sido cedo demais... acho que perto dos 18 - 18,5 era o ideal.

    Eu vi os ciclistas a andarem ao longo da recta... os que passaram por mim até que estavam pacatos e aparentemente atentos... se calhar apanhei-os numa fase em que ainda estavam com a cabeça no sítio, lol!

    Fiz um tempo semelhante ao teu, 01:48:12. Acho que com uma melhor distribuição do esforço (não forçando tanto na parte inicial), ainda conseguisses uma marca melhor :)

    Boa recuperação, abraço!

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    1. Boas Bluesboy.
      Sim, a distribuição do esforço poderia ter ajudado mas quem iria adivinhar? ;)

      Abraço!!!

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  6. Parabéns pela prestação! ainda noutro dia escrevi no meu blog... nem o Usain Bolt bate os seus recordes sempre que corre ;)

    Abraço

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    1. Boas Luís.
      Claro que sim, por muito que queiramos há sempre imprevistos. E, neste caso, só pelo calor já tinha dúvidas que o conseguisse.

      Abraço!!!

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  7. Realmente vi os ciclistas de um lado para outro, mas não os vi a causarem estragos. Realmente estava um braseiro autêntico! Era quase impossível fazer melhor. Também fiquei com essa sensação dos abastecimentos, de terem sido feitos mais tarde do que os 15km. Bom tempo mesmo assim.

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    1. Boas Sílvio.
      São pormenores mas que no final fazem mossa. Mas temos que viver com eles, faz parte. ;)

      Abraço!!!

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  8. Mesmo sem recorde pessoal, nem um tempo abaixo da 1h45m, não deixa de ser um excelente tempo, tendo em conta o percurso, o calor e ainda os percalços com os ciclistas (lamentável).
    Abraço e boa 1/2 da Areia.

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    1. Boas Tiago.
      É verdade, não deixou de ser um óptimo tempo. Como disse à "Menina", não há muitos meses atrás este seria o meu melhor tempo. ;)

      Abraço!!!

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  9. Efectivamente estava demasiado calor para correr àquela hora, eu fiz uma prova aqui em Oeiras que começou já depois das 11h e foi muito duro.Em relação aos records temos sempre a esperança que tal aconteça mas em termos de meias é difícil encontrar uma com um perfil vertical tão simpático como a de Lisboa. Parabéns por mais uma meia!

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    1. Boas Rui.
      Sim, concordo. A meia da ponte é única em relação à altimetria, apesar de não tirar grande partido disso. Mas depois de ter feito a meia de Almada como fiz, só 30 segundos mais lenta que na ponte, esperava melhor nesta. Fica para uma próxima. ;)

      Abraço!!!

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  10. Boa tarde Pedro. Depois de muitos anos sem praticar nenhum tipo de desporto,comecei a correr,e o teu blog foi realmente um dos incentivos que eu tive para a pratica da corrida.Obrigado

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    1. Olá Gilberto.
      Tendo em conta o teu tempo, e com as condições difíceis como estavam, que belo incentivo deves ter tirado das minhas experiências. ;)
      Obrigado por passares por cá.

      Abraço!!!

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  11. Pedro, parabéns pela tua prova.
    Também vi uns ciclistas a pedalar pelo meio do pelotão. Foi a 1ª vez que vi tal coisa e é um perigo.

    Abraço.

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    1. Obrigado Vítor.
      Sim, um perigo mesmo. Foi a primeira vez que tive contacto tão de perto com uma situação destas e espero ter sido a última.

      Abraço!!!

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