Se há umas semanas atrás, depois da boa prestação na
Meia-Maratona de Almada, pensei que poderia
bater o meu melhor tempo na distância em Setúbal, as previsões de calor para o dia da prova rapidamente me fizeram desacreditar nessa possibilidade. A juntar à festa, uma véspera "mal" comida e bem bebida não agoiravam nada de bom. Mas a esperança é a última a morrer, certo?
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Os Bip-Bip's presentes:
eu, o Gonçalo e o Gil. |
Depois do tiro de partida conseguimos impor logo um ritmo bem agradável e logo no 1º Km estávamos abaixo dos 5 min/Km.
O calor já se fazia sentir mas nos primeiros quilómetros ainda no interior da cidade não incomodava muito. A paisagem era variada e apoio popular era bem vindo.
Perto dos 6 Km's entramos na tão famosa Estrada da Mitrena. Aqui, dizem os repetentes, é que começava verdadeiramente a prova.
O Gonçalo ia com "fome" e nessa altura já eu percebia que o dia não era para aventuras. Mandei-o seguir, eu não ia conseguir forçar.
Naturalmente o ritmo baixou, os Km's seguintes foram feitos entre os 5:00 e os 5:10 min/Km. O calor, a monotonia do percurso (e os cheiros...) e o meu estado físico não dava para mais. Salvava-se a vista para o Sado para distrair a mente.
Depois da viragem aos 12 Km's comecei a fazer contas e a tentar definir uma estratégia para os Km's finais. Mas as pernas não estavam para muito mais e nem o cruzamento com caras conhecidas fazia com que o ritmo aumentasse.

Perto dos 13 Km's o impensável, um dos muitos ciclistas que se cruzavam no nosso percurso atropelou um
atleta, literalmente. Caíram os dois uns 50 metros à minha frente.
Quando passei por eles já estavam em pé e com assistência de outros atletas. Acabei por não perceber o estado de ambos.
O ciclista desfez-se em desculpas mas são situações que não devem nem podem acontecer. É que eles passavam mesmo pelo meio do pelotão, ainda por cima numa zona de corrida nos dois sentidos. Era quase inevitável.
Pouco depois, na zona do abastecimento dos 10 Km, julgo que em função de já terem passado todos os atletas, estavam a dar a água que tinha sobrado a quem já ia no regresso. Antes da zona deste abastecimento improvisado estavam parados mais uns quantos ciclistas. Quando me dirigi ao abastecimento, eu e mais uns quantos, os ciclistas arrancam, sem sequer olhar, e não houve ali mais uns atropelamentos por mero acaso. Eu tive mesmo que parar para eles passarem e lá consegui chegar ao rapaz do abastecimento. Claro que saíram em uníssono uma carrada de palavrões de todos os que estávamos naquela situação. Um dos agentes de mota arrancou na hora, no encalço dos ciclistas, e o que é certo é que até ao final não passou mais nenhum ciclista por mim.

Voltando à prova, imediatamente a seguir vinha uma subidinha das boas, num dos viadutos que passámos, e logo depois o abastecimento dos 15 Km.
Aproveitei a descida para embalar um pouco mas... nada. As pernas não queriam.
Pensei em me resguardar um pouco até aos 18 ou 19 Km. Nesta altura o ritmo já andava perto dos 5:20 min/Km.
Chego aos 17, 18, 19 Km's mas nada de forças extras. Aqui já tinha desistido do 2º objectivo, baixar a 1h45m (já que o 1º há muito que estava esquecido). Além de não me achar capaz, mesmo que o conseguisse seria sempre num sofrimento superior ao meu limite máximo de sofrimento. Dificilmente algum dia ultrapassarei esse limite e "hoje não vai ser excepção...", pensei.
Deixei-me seguir, o mais confortável possível, com as pernas sempre a dizerem que já não queriam correr mais. Há muito que faltava o combustível.
No último quilometro tive que me obrigar a não baixar os 5:30m, e consegui... a custo.

Cortei a meta com 1h47m58s (5:08 min/Km), cansado mas bem disposto, sem sofrimento de maior mas com a sensação de que esta meia-maratona foi talvez a prova que mais me custou fazer, depois da
Maratona de Lisboa. Além do esforço físico foi também um bom teste mental, que foi superado apesar de algum custo.
O tempo final, dadas as condições, acabou por não ser mau de todo, mas ficou o alerta, não somos de ferro e uma má preparação e abusos dá nisto.
A organização esteve bastante bem, não tendo reparos a fazer.
Deixo no entanto, não uma critica mas a minha opinião em relação aos abastecimentos. Acho que houve abastecimentos em quantidade suficiente mas, no meu ver, mal distribuídos O número de abastecimentos no inicio não foi proporcional com o resto da prova, quando mais falta fizeram. Acho que podia ser melhor distribuído tendo em conta a maior necessidade na segunda metade da prova.
Mas este foi o meu sentimento, não sei se generalizado.
No final fui abordado pelo Gilberto, um atleta que, segundo o próprio, foi influenciado pelas minhas experiências relatadas neste blog. Obviamente fiquei bastante contente e, apesar do cansaço, ainda deu para uma foto.
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Obrigado Gilberto. ;) |
Mais fotos do evento
aqui.
A próxima será a
V Meia-Maratona na Areia. Até lá...
Boas corridas!!!